GRÁVIDO, O AMOR
O nevoeiro cobria os
olhos da janela,
como teias de açúcar,
onde o teu corpo nu
adoçava o olhar,
no sabor a desejo da manhã.
Admirei-te,
o girassol do rosto,
o voo dos dedos
colhendo as maçarocas do cabelo,
a polpa da pele ruiva
cobrindo as suculências da carne.
Amei-te,
no cheiro a leite do silêncio,
no choro surpreendido do teu íntimo,
no balançar do berço do teu ventre.
O Amor era ainda,
somente,
uma criança que crescia,
feliz,
na infância do teu útero.
Chamusca, 19/07/2013