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domingo, 30 de junho de 2013

OS MENINOS VENDEDORES DE ROSAS

     


       Nas últimas semanas o Brasil tem sido notícia em todo o mundo pelas manifestações e cenas de violência numa autêntica guerrilha social. Os governantes e os políticos em geral contestam as razões do povo e este por seu lado aponta o dedo à corrupção. De entre tantos comentários, análises, opiniões e entrevistas ainda não vi alguém perguntar a uma só criança, das milhares que mendigam pelas ruas, o que ela pensa da realidade do seu país. Podem dizer-me que as crianças são imaturas, inocentes e até inconscientes do que as rodeia. Mas quando essas crianças andam pela madrugada vendendo pipocas, amendoim torrado e botões de rosa, demonstram que sabem mais sobre a vida e a sobrevivência do que a maioria daqueles que gritam e defendem nos palanques a sua honestidade e dizem ser DEFENSORES DOS DIREITOS HUMANOS.


Os Meninos Vendedores de Rosas


Os meninos vendedores de rosas
são como borboletas
pousadas nas corolas da noite
tentando vender o perfume da Primavera
com as suas pequenas mão floridas
num ramalhete de preces.

«Moço, me compre uma rosa.
  Por favor, moço.»

As suas vozes são frágeis pétalas
desfolhando-se do labirinto do sono
que ao caírem,
como pedras,
estilhaçam os sonhos das outras crianças
que dormem tranquilamente felizes.

Menino,
não digas mais nada
que ainda acordas a lua,
mas, sobretudo,  não continues a implorar
ferindo-me com os espinhos da tua tristeza,
porque eu vou comprar todo o jardim de rosas
da tua inocência,
para o plantar no coração do mundo.

                                               Rio das Ostras, 19/07/2012


Comentários no facebook


  • Victor Moedas isto está EXTRAORDINARIO os meus PARABENS e o meu m OBRIGADO um GRANDE ABRAÇO para ti GR AMIGO CARLOS SANTOS OLIVEIRA
  • Carlos Santos Oliveira Caro Amigo Victor fala-se tanto de dinheiro e de economia e esquecem-se as crianças e as famílias. Se os políticos pensassem mais nos direitos humanos o mundo poderia ser um lugar mais feliz. Eu fui um dos que comprei as rosas a estas crianças, mas só fiquei mais infeliz porque não foi possível comprar a minha consciência. Essa diz-me que terei que continuar a lutar muito mais por um mundo onde haja AMOR, de VERDADE!
  • Victor Moedas Os Homens Que o Sao e As Mulheres Que Tambem Teem um BOM CORAÇAO podem olhar com mais REALIDADE M FRONTALIDADE E MAIS AMOR so assim o MUNDO poderá mudar para MELHOR se todos olharmos na mesma DIRECCAO se conseguirá debelar esses FENOMENOS que cada vez HÀ MAIS obrigado amigo CARLOS conta com o meu APOIO um gr ABRAÇO
  • Julio Hipolito lindo amigo carlos! e cotinue mandando estas noticias prque sao mesmo necessarias o abraco amigo !

Olá amigo, vim descobri-lo num maravilhoso poema. Meninos vendedores de rosas, pétalas caídas na nossa sociedade tão injusta... Adorei. Abraço com carinho.


quinta-feira, 27 de junho de 2013

CARTAS DE AMOR?

CARTAS DE AMOR?

         As pessoas andam de tal forma desnorteadas e desesperadas, que qualquer mentira lhes serve para acalmar os nervos e criar um cenário de ilusão.
         Nunca tanto como agora, o misticismo, a crença no sobrenatural, na bruxaria e cartomancia foram tão exacerbados.  
         Aproveitando a maré, onde nadam estes “patos”, o meu amigo Francisco teve a ideia absurda de se dedicar à batota com as cartas de tarot.
         Colocou um anúncio no jornal publicitando os serviços do “Mestre Estrela”, “A pessoa capaz de resolver todos seus problemas, abrindo-lhe os olhos para o futuro!” e, lentamente, começaram a cair-lhe na mesa do jogo, toda a espécie de duques e senas tristes da sociedade.
         Como convém e é de bom-tom ele recusa sempre qualquer dinheiro, com o argumento de que a sua intenção é a de ajudar o próximo com a clarividência que Deus lhe deu. Contudo, as pessoas insistem em presenteá-lo com o valor que entendem ser justo por ele lhes abrir as portas para um tempo de esperança.
         O cartomante, ou seja, o meu amigo Francisco, começou a levar o seu ofício tão a sério, que já deita as cartas para si próprio e só faz a sua vida em função do que elas lhe dizem, afirmando com convicção que “as cartas não mentem”
      Eu, que não acredito em videntes, bruxas, cartomantes, vampiros, lobisomens ou forças sobrenaturais e que não possuo qualquer poder paranormal, já sei qual vai ser o meu futuro: ter um salário cada vez mais curto, um horário de trabalho cada vez mais longo e apenas ter tempo para fazer uma visita de médico à minha mulher e aos meus filhos. É que sobre esta realidade os POLÍTICOS NÃO MENTEM, nem enviam cartas de amor.  

domingo, 23 de junho de 2013

A PAISAGEM DO AMOR






  • Quis escrever
    o mais belo poema para ti.
    E tudo era propício.
    O areal era um caminho de sol
    onde os meus pés
    deixavam rastos de calor.
    O céu,
    como um enorme pingo de tinta,
    tingira o Tejo
    onde as crianças mergulhavam
    os corpos azuis de alegria.
    O vento despenteava os salgueiros
    com o sopro dos lábios verdes
    e a passarada voava
    como folhas soltas pela brisa.

    Quis escrever
    o mais belo poema para ti,
    mas desisti dessa intenção.
    Para quê fazê-lo?
    Se a maior beleza da paisagem
    era o teu Amor à beira de água,
    simples
     e tranquilo,
    como um barco dentro de mim.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

HISTÓRIAS VERDADEIRAS (2)



O CIRCO DA TRISTEZA (2)

A criança tinha os olhos feitos de cera a derreter as lágrimas de tristeza. As suas mãos eram duas cruzes pregadas no peito e a sua língua como um badalo repenicava a pergunta ao céu.
- Mas porquê eu, meu Deus?
A senhora Técnica da Segurança Social compunha o cabelo num gesto de vaidade, o advogado traçava passos para a frente e para trás num percurso irrequieto e impaciente, de quem não tem tempo a perder, e os pais, que tinham fugido depois do parto, deviam andar perdidos por entre as ruas deste mundo de sentimentos cruéis.
12 anos a viver numa Instituição, invisível ao apelo dos afectos, na espera inútil de ser adoptada. Mas o tempo, esse canalha que destrói ilusões, vai continuar a tecer teias de dor que vão envolvendo cada vez mais o corpo sem asas da criança, passarinho frágil abandonado na gaiola.
O oficial de justiça mordia os lábios e enterrava as unhas nas palmas das mãos, para conter o desespero de não poder gritar:

- Vá lá, apareça apenas um daqueles que tanto falam de amor e liberte esta menina das grades insensíveis e desumanas da vida.

domingo, 16 de junho de 2013

HISTÓRIAS VERDADEIRAS



O CIRCO DA TRISTEZA (1)

         A mãe, ainda jovem no bilhete de identidade, chegou com o seu rosto estriado de rugas da depressão e os lábios murchos pela velhice das lamentações. Estendeu para o oficial de justiça os seus olhos como pedras fundas e sujas do lodo das olheiras e deixou cair as folhas podres das palavras da raiz desdentada das gengivas.
- Venho só avisar que o meu filho é um excelente aluno. Tem 14 anos. Vai terminar o 9.º ano e vou tirá-lo da escola.
O trabalhador da justiça permaneceu em silêncio, para que ela se pudesse explicar.
- O pai nunca quis saber dele. Eu estou doente. Os 246€ que recebo por parte da Segurança Social mal dão para comermos. Portanto, é impossível mantê-lo a estudar.
O oficial encarou as mãos manchadas de lixívia da mulher e respondeu-lhe:
- Mas assim, devido ao absentismo escolar, o seu filho é considerado um jovem em risco e em perigo na sua formação, o que vai dar origem a um processo de promoção e protecção.
A mãe abriu a concha das mãos, para exprimir melhor as palavras com a batuta dos gestos e respondeu:
- Leis estúpidas estas que penalizam as mães e os filhos por serem pobres, devido à riqueza injusta de quem as fez. O que é que prevalece: a lei obrigatória de ir à escola, ou o direito de vivermos numa sociedade justa?
A mulher não esperou pela resposta, se é que a pretendia, e foi-se embora ao encontro do espectáculo da vida.

O oficial de justiça voltou ao seu lugar e como um autómato continuou a esmagar as palavras sob o teclado do computador.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

UMA CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA




         Pacotes de leite vazios, papelão, metais, pedaços de vidro, garrafas, garrafões, latas vazias, filtros de café usados, restos de linhas, botões abandonados e uma extraordinária criatividade e consciência ecológica, fazem parte da exposição de Zenaide Santos Oliveira, que está patente, desde 05/06/2013, na Biblioteca Ruy Gomes da Silva na Chamusca.
            Reciclar, reduzir, reutilizar e reinventar, são temas de uma mensagem única: proteger o ambiente e a vida.
          Porque vivo  o dia-a-dia com esta Mulher, admiro a excelência do seu trabalho e comungo das suas motivações ambientais, elaborei os textos que apresentam a artista e a exposição.

















BIOGRAFIA


Zenaide Maria Lima dos Santos Oliveira, nasceu em 27/05/1974 em Vila Franca do Campo, Ilha de S. Miguel, Açores.
No ano de 2001 concluiu a licenciatura em Ensino Básico – 1.º Ciclo, pela Universidade dos Açores.
No ano lectivo de 2002/2003 iniciou a sua actividade como professora. Actualmente faz parte do Quadro de Zona Pedagógica de Vila Franca do Campo.
A componente ecológica e ambiental foi sempre uma preocupação na sua vida pessoal e profissional.
No ano lectivo de 2009/2010, submeteu à aprovação do Conselho Pedagógico da Escola Básica e Secundária de Vila Franca do Campo o projecto inédito da “Quinta Pedagógica das Palmeiras” que, para além de motivar os alunos para a frequência do ensino e para a aprendizagem, tinha como vertentes principais a Educação para a Cidadania, o Respeito pela Natureza e a Educação Ecológica.
A compostagem foi uma das actividades implementadas, como forma de eliminar os resíduos sólidos domésticos, evitando a sua acumulação em aterros sanitários e usando-os como fertilizantes do terreno onde foi criada uma horta biológica, na qual os alunos se envolveram na experiência de preservar e cuidar dos recursos da terra, semeando, plantando, regando, mondando e colhendo os vegetais e os frutos.
A intervenção ambiental de Zenaide Santos Oliveira viria a tornar-se mais vincada, com  a sua vinda para a Chamusca, em Agosto de 2010, onde ao abrigo de uma licença Parental para Assistência a Filhos, começou a reciclar, reutilizar e reduzir, vidro, cartão, latas, roupas velhas, pacotes de leite vazios, filtros de café, linhas, botões e metais, transformando-os em malas, bolsas, carteiras, cintos, tapetes, quadros e objectos decorativos, envolvendo muitos habitantes da Vila nas suas actividades e a quem agradece o seu empenho e Amizade.
Os seus trabalhos encontram-se já por todo o País e igualmente no estrangeiro, nomeadamente no Brasil, nos Estados Unidos da América, na Polónia e no Canadá. 

Para mais informações sobre as suas obras aceda ao blogue: oluxovemdolixo.blogspot.com


A MULHER QUE EU CANTO


A Mulher que eu canto
tem nas mãos o encantamento
de trabalhar o lixo e o carinho,
com gestos artesanais de ternura,
numa delicada protecção
da Natureza e do Amor.

A Mulher que eu canto,
é uma peça do Universo,
uma estrela de lata,
uma lua de vidro,
um céu de farrapos,
uma floresta de cartão.

A Mulher que eu canto,
recicla o dia-a-dia
com pedaços de vida
e retalhos de paixão.






POLUIÇÃO ATRAVÉS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Diariamente são produzidos dois milhões de toneladas de lixo no mundo.
A falta de condições adequadas para acondicionar e tratar os resíduos sólidos, traz graves repercussões em termos ambientais, sociais e no domínio da saúde pública.
O impacto nocivo reflecte-se na contaminação dos solos, subsolos, nos cursos de água, na fauna e na flora, provocando ainda erosões e enchentes.

IDEIAS SIMPLES PARA ATENUAR O PROBLEMA

O primeiro passo é prepararmos e trabalharmos a nossa mente para uma consciência ecológica.
Se não formos possuidores de habilidade manual para reutilizarmos algum do lixo que produzimos diariamente na nossa casa, podemos, no entanto, criar o hábito de fazer a separação dos objectos por géneros e colocá-los nos respectivos depósitos dos ecopontos.
Tratando-se de uma pessoa com alguma criatividade, pense na utilidade que algumas garrafas, latas, pacotes de leite vazios, cartões, papelões e roupas usadas podem ter na qualidade da sua vida e na decoração da sua casa e crie. Trabalhe a sustentabilidade dos desperdícios e vai entender porque razão “nem os trapos são velhos.”
O objectivo primordial de protecção do ambiente está ao alcance das nossas mãos, se através de pequenos gestos reduzirmos, reciclarmos e reutilizarmos o nosso lixo doméstico, dando-lhe uma vida nova, mais atractiva e saudável.

A NATUREZA e os nossos FILHOS agradecem!





quarta-feira, 5 de junho de 2013

"O PESO DAS GORDAS" - FEIRA DO LIVRO DE LISBOA

“O PESO DAS GORDAS – FEIRA DO LIVRO DE LISBOA”

         No próximo dia  08/06, entre as 16:00 e as 17:00 horas, irei estar no Pavilhão A 11 da Feira do Livro de Lisboa, numa Sessão de Autógrafos, da minha obra, “O Peso das Gordas – porque qualquer Mulher é muito mais do que um corpo.”
       Depois de várias outras sessões de autógrafos e de uma entrevista para um Programa da TVI, o livro e o autor continuam o seu caminho literário e humanizador, lançando à sociedade uma pergunta fundamental:
      QUANTO PESA O PRECONCEITO HUMANO?



                     
 http://www.tvi.iol.pt/programa/4140/videos/133829/video/13784647/1